Biografia resumida
Ariano nunca morreu. No dia 23 de julho de 2014, um dos maiores nomes do teatro e literatura nacionais se encantou, permanecendo eternizado na memória de todo o povo brasileiro. Não se sabe como. A gente só sabe que foi assim!
Nascido em Nossa Senhora das Neves (atual João Pessoa), na Paraíba, em 16 de junho de 1927, o advogado, filósofo, romancista, ensaísta, poeta, dramaturgo, artista plástico e livre-docente Ariano Vilar Suassuna imprimiu seu nome na história do nosso país ao retratar com profunda inteligência e acurado senso de humor as mazelas que afligem as camadas mais fragilizadas da população. Filho de Cássia Dantas Villar e João Suassuna, ex-governador do Estado, viveu na tenra infância a catástrofe do conflito político que assolou o nordeste brasileiro na década de 1930. A perda do pai por assassinato, aos três anos de idade, deu um novo rumo à sua vida. Com o crime, a família mudou-se para Taperoá, cidade do semiárido paraibano, onde viveu por 4 anos. Em 1942, junto a sua mãe e irmãos, mudou-se para o Recife, município em que passou a maior parte de sua vida e constituiu sua família. Foi durante sua primeira graduação, em Ciências Jurídicas e Sociais, iniciada em 1946, que conheceu Hermílio Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Estava, então, selado o seu destino. Mesmo advogando, anos depois, o “realista esperançoso”, como se autodefinia,se manteve ativo no teatro. Escritor do aclamado O Auto da Compadecida, publicou seu primeiro texto teatral, Uma mulher vestida de Sol, em 1947. Ao todo, escreveu mais de quinze peças, além de romances e poemas que publicava em jornais. A grande contribuição de Ariano para o patrimônio imaterial brasileiro não se limitou, entretanto, ao campo das letras. Em 1970, fundou o Movimento Armorial, uma amálgama de erudição e saberes populares que tinha como objetivo valorizar e difundir a cultura brasileira, abraçando a dança, música, arquitetura, cinema, teatro, literatura e artes plásticas regionais. Para o multiartista, era preciso evidenciar a riqueza e a diversidade cultural do país. Por este motivo, era alheio às “modernidades” advindas de nações imperialistas. Ao longo de quase quatro décadas, Suassuna disseminou seu conhecimento por meio da docência no ensino superior, como professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo relatos de ex-alunos, mesmo aqueles que já haviam encerrado sua disciplina, retornavam pelo prazer de assistir às suas aulas. Secretário de Educação e Cultura de Recife (1975-1978), Secretário de Cultura de Pernambuco (1994- 1998) e Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2000), o homem que ocupou a cadeira de nº 32 da Academia Brasileira de Letras espalhou suas ideias e levou a cultura nordestina, sobretudo paraibana e pernambucana, por todo o país, por meio de suas aulas-espetáculo. “Fraco na fé e fraco na qualidade”, era católico por influência de Zélia de Andrade Lima, esposa e grande amor de sua vida, com quem teve seis filhos e viveu até seu último dia. Após 84 anos vividos entre o riso a cavalo e o galope do sonho, o homem da esperança partiu, deixando ao povo brasileiro uma herança cultural de valor inestimável. Viva Ariano Suassuna!